terça-feira, 18 de maio de 2010

Vale a pena Ler Novamente - Saudades do Paetê


Fernando Bergen, 38 anos, trabalha como maquiador do Balé Folclórico da Bahia há 12 anos. Bergen deve seu emprego na companhia ao sucesso de Andrezza Lamarck, personagem que interpreta há 18 anos nos palcos das casas noturnas de Salvador. “ Essa e minha profissão, não foi um curso que me ensinou. Se hoje tenho meu DRT como maquiador, é porque fui criada dentro do camarim”,lembra.

Andrezza é conhecida em Salvador pela releitura que faz da cantora baiana Clara Nunes, mas também apresenta outros números e faz telegramas animados. “Já tive que interromper um “baba” de homens, às 8 da manhã, na Praia de Piatã, a pedido da mulher de um dos jogadores”, lembra.

O artista se revela um saudosista: “Hoje, tem transformista que sai de casa, bota um salto sem maia ou uma sandália que deixa os dedos de homem pra fora, pega um vestidinho da mãe, no palco, começa a mascar chiclete e diz que é artista. Hoje não tem mais aquelas produções de paete, vestido longo, luvas”, explica. Bergen não poupa críticas aos transformistas amadores: “ Tem artistas , hoje que pegam musica porque Whitney e Mariah gravaram e trocam ‘me’ e ‘you’. A musica pede para levantar o braço, elas descem. Você pergunta o que quer dizer ‘my life’ e elas não sabem”, conta.

Bergen se incomoda ainda com o desrespeito ao ator transformista por parte do próprio público: “ Tem pessoas que chegam pra assistir a um show de transformismo e, apesar de ter a porta para ir embora, ficam no ‘tomara que termine logo’. Mas na hora que lia o chuveiro em casa a primeira coisa que faz é dublar’ hoje eu vou mudar’, com a água caindo e tudo o mais”,brinca.

O transformista, que tem pauta fixas em três casa noturnas do Centro de Salvador, reivindica mais segurança: “Queria ver uma Carlos Gomes sem violência, com mais espaços GLBT. Meu sonho é poder descer pra Lapa a hora que eu quiser”.

Entrevista da revista LUPO

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