quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Valerie O'rarah



Valécio Santos Começou na arte do transformismo “como todo transformista começa: em casa com grupos de amigos na fechação, botando lençol na cabeça”,lembra. Desde o dia em que resolveu sai montada na Parada Gay em Salvador, faz cinco anos que Santos da vida a sua personagem Valeria O’rarah. “Para uma cantora é mais fácil emocionar. Através da dublagem agente tenta emocionar tanto quanto uma cantora”, explica.Emocionar, para um artista, mais que apenas intuição, requer técnica: “Você precisa mesmo é ter um gingado com a questão da dublagem, pra não ficar no famoso chiclete”.

Santos faz parte de uma classe artistas que leva música e graça para além das casas noturnas de Salvador, mas que ainda sofre descriminações. Para Santos, no entanto, há uma luz no fim do túnel. “O preconceito vem diminuindo em doses homeopáticas”, acredita. “Há muito tempo Chico Anysio faz isso e agora Tom Cavalcanti está 24 horas travestido, fazendo alguma caricatura. O transformista está na mídia, apesar de que as pessoas não prestam atenção que é transformismo, pelo fato de que aqueles atores não são gays”.

“Quando é um homossexual assumido, aí deixa de ser artista e passa a ser o gay que se traveste de mulher”, ressalva.

Santos garante, no entanto que a recompensa vem nos palcos: “ Valeria é uma mulher de pernão e peitão, mas ela recebe muito carinho, não pela questão sensual, e sim pela questão cênica.Desde a bibinha mais novinha até uma cliente de 72 anos que todas as quartas vai ao Âncora do Marujo”, conta. A recepção de seu trabalho no entanto é diferente entre os “tipos” de publico: “O publico gay é muito exigente, muito crítico. Quando gosta . você é o deus ou a deusa, mas quando não gosta... No menor deslize que você der, ‘elas’ acabam com você. Já o publico Hétero é mais receptivo”, afirma.

Nem tudo, claro, é purpurina. O artista reclama da desvalorização profissional: “O cachê é pouco, mas o investimento é muito. A gente tenta alcançar ao máximo a alma feminina, o que gasta muito. Tem gente que vai da unha postiça até o último fio de peruca”.

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